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domingo, 15 de março de 2015

Fronteiras Permeáveis



2. Fronteiras permeáveis




            No estudo do território brasileiro, vamos aprofundar o estudo das fronteiras nacionais. Diferentemente da idéia de limite, o termo fronteira é mais amplo e pode ser compreendido como a margem do mundo conhecido e habitado. Neste caso, a idéia de fronteira como frente pioneira ou área de expansão em direção a territórios “vazios” ou “a conquistar” sempre foi muito forte no caso brasileiro. Contudo, a emergência dos Estados nacionais no século XVIII e processos de demarcação de terras coloniais, como ocorreu com Portugal, na América, associaram fronteira à linha de divisa entre Estados vizinhos. Ou seja, a palavra limite tem sua origem no fim daquilo que mantém coesa uma unidade político-territorial. Assim, limite é uma linha de separação abstrata, porém definida juridicamente (fator de separação), enquanto fronteira configura uma zona de contato (fator de integração).
Vamos estudar a situação do Brasil na zona de fronteira com seus países vizinhos (zona de fronteira internacional), a partir de exemplos de cidades gêmeas, contíguas territorialmente com outras cidades de países vizinhos. No caso do Brasil, há inúmeras cidades na zona de fronteira, inclusive 123 delas consideradas cidades-gêmeas.



No mapa “Zona de Fronteira – Cidades e Vilas”, na página 10 do caderno do aluno, observe a faixa laranja, que apresenta a zona de fronteira. Observe os outros países.



Os únicos países sul-americanos que não possuem fronteira com o Brasil são o Chile e Equador. No caso do Chile, o contato por terra com o Brasil se estabeleceu por meio da Argentina, tendo a cidade de Mendonza como ponto de apoio para a travessia da Cordilheira dos Andes; se observarmos o mapa, podemos atravessar o Paraguai ou a Bolívia. O Equador pode ser acessado através do Peru e da Colômbia. Bolívia é a fronteira mais permeável e extensa, com inúmeras interações. No sentido do sul para o norte, observam-se grandes cidades como Corumbá, Cáceres, Vilhena e Rio Branco, localizadas na faixa de fronteira. Há uma rodovia que liga Corumbá a Santa Cruz de la Sierra. Mais ao norte, podemos observar várias cidades-gêmeas, como Brasiléia (Acre) e Guajará-Mirim (Rondônia). O estado brasileiro que possui uma ocupação mais densa na zona de fronteira é o Paraná. Fazendo divisa com o Paraguai e a Argentina, possui inúmeras cidades na zona de fronteira e um intenso comércio com os países vizinhos.






Um exemplo de cidade-gêmea e as interações existentes em sua zona de fronteira é o de Guajará-Mirim, Rondônia. Ela está separada de sua cidade-gêmea boliviana Guayaramerín apenas pelas águas do rio Mamoré, como mostra a foto de satélite “Guajará-Mirim e Guayaramerín” na página 11. É possível avistar pessoas que vivem na outra cidade, na margem oposta. Apesar de essas pessoas viverem em países diferentes, elas podem fazer parte de várias interações. Do Brasil para a Bolívia circulam produtos alimentícios, calçados e eletrodomésticos. Da Bolívia para cá circulam madeira, borracha, gado bovino e castanha. As capitais Porto Velho (Rondônia) e Rio Branco (Acre) mantêm relações econômicas com a Bolívia através de Guajará-Mirim. São comercializados, principalmente, combustível e gêneros alimentícios, por via terrestre.



Outro exemplo é o caso de Tabatinga (Brasil) e Letícia (Colômbia). Diferente de Guajará-Mirim, para o viajante cruzar a fronteira internacional entre Tabatinga e Letícia não precisa atravessar um rio. Basta atravessar ou ir em frente por uma das avenidas da cidade brasileira e o visitante já se encontra em outro país, como podemos observar na foto de satélite “Tabatinga e Letícia”, na página 13. Essa é a situação cotidiana de milhares de brasileiros que vivem na fronteira. O Brasil estabelece interações econômicas com o mundo por meio de Tabatinga. Além do intercâmbio que se estabelece com a Colômbia e o Peru, por essa zona fronteiriça o Brasil conecta essa região com outros países, como os Estados Unidos e a China. Os produtos industrializados provenientes da China e Estados Unidos chegam nessa zona de fronteira através do transporte marítimo, desembarcados no porto de Manaus. De Manaus, essas mercadorias seguem para Tabatinga por via fluvial e de lá são distribuídas para o interior da Colômbia e do Peru. Em Tabatinga comercializam-se produtos alimentícios, material de construção e pescado. Em Letícia, os brasileiros compram gasolina, autopeças, cigarros e produtos eletroeletrônicos.

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