Corrente do Golfo
A Corrente do Golfo determina o aquecimento das
águas do Atlântico Norte, definindo temperaturas mais amenas para países como a
Noruega, localizado em latitudes mais elevadas.
A Corrente do Golfo possui uma imensa capacidade de intensificar furacões e tempestades tropicais
Os estudos acerca da dinâmica climática da Terra
abrangem essencialmente fenômenos que ocorrem na atmosfera, nas mais diferentes
altitudes e proporções. Além da atmosfera, o sistema climático envolve as
transformações relacionadas ao gelo e à neve, às formações vegetais, à
superfície terrestre e aos oceanos. Como a Terra é formada principalmente pela
massa oceânica, que equivale a aproximadamente 2/3 do planeta, as
transformações nos mares e oceanos têm grande impacto para a distribuição de
calor e umidade em todo o globo.
Mesmo se considerarmos fatores externos ao sistema
climático, como as mudanças na órbita do planeta, a força dos raios solares e a
energia proveniente das camadas internas da Terra (como os vulcões), os oceanos
estão entre os principais agentes atuantes na dinâmica climática. Comparando o
papel dos oceanos com o da atmosfera, devemos lembrar que os oceanos estão
limitados pelas porções continentais e por isso o calor transportado pelos
oceanos se estabelece mais especificamente em determinadas regiões.
As correntes marítimasrepresentam a movimentação das
águas de mares e oceanos, podem ser frias ou quentes. As correntes frias
diminuem as temperaturas, provocam estiagem em razão da menor evaporação e também
contribuem para a atração de cardumes, em virtude da maior concentração de
fitoplâncton. As correntes quentes promovem o aquecimento e a evaporação da
água, contribuindo para a formação de massas úmidas. A Corrente Quente do Golfo
(Gulf Stream) é um dos grandes sistemas de distribuição de calor e
umidade em virtude do alcance de seus efeitos para o Atlântico Norte.
Formação das Correntes
Os ventos, a pressão atmosférica e o calor do Sol
são as fontes primárias que movimentam as correntes marítimas. De acordo com as
análises realizadas pelo oceanógrafo sueco Vagn Walfrid Ekman, no início do
século XX, o movimento das águas é forçado por ventos de larga escala que
produzem um padrão de movimentação em todo o mundo. Através de uma observação
simples do deslocamento de icebergs na região do Ártico, Ekman verificou que no
Hemisfério Norte as águas se movimentam para a direita, tomando como referência
a direção dos ventos. No Hemisfério Sul, as águas se movimentam para a
esquerda.
Na verdade, as águas superficiais possuem, a
princípio, um deslocamento na mesma direção dos ventos. Com o passar do tempo,
a rotação da Terra desvia as partículas para a direita (Hemisfério Norte) e
para a esquerda (Hemisfério Sul), como resultado do efeito de Coriolis. O efeito
de Coriolis produz um movimento em espiral no sentido horário no Hemisfério
Norte e no sentido anti-horário no Hemisfério Sul. Os padrões estabelecidos
pelas análises de Ekman ficaram conhecidos como Espiral de Ekman, um dos
mecanismos mais importantes que compõem a circulação oceânica.
A Corrente do Golfo
Antes mesmo da colonização da América do Norte, os
primeiros exploradores conheciam os efeitos da Corrente do Golfo, o que foi
documentado pela primeira vez pelo conquistador espanhol Ponce De Leon, em
1513. O navegador constatou durante uma viagem através do Oceano Atlântico que
as embarcações foram empurradas para trás por uma corrente que era mais forte
do que os ventos. Esse conhecimento foi amplamente difundidoe aproveitado para
as rotas de navegação do Atlântico.
A Corrente do Golfo possui cerca de 80 km de
largura. Ela tem origem no Golfo do México e se estende em direção ao Reino
Unido, próximo da Escócia. Possui uma camada superior mais aquecida e que se
movimenta para o Norte, fornecendo calor para a atmosfera, num percurso total
de aproximadamente 6.750 km, dirigindo-se depois para o Sul em uma profundidade
entre 2 a 3 km abaixo da superfície do mar, nas águas profundas do Atlântico
Norte.
O fluxo inicial da água da Corrente do Golfo é de
23,8 °C na costa da Flórida. Por essa razão, a corrente tem uma imensa
capacidade de intensificar furacões e tempestades tropicais, que ganham força
ao passar sobre águas mais quentes. As regiões Sul e Sudeste dos Estados Unidos
são constantemente atingidas por essas tempestades tropicais, pois estão
localizadas exatamente na rota dos furacões mais poderosos e no início do
trajeto da corrente.
O contato do ar frio e úmido que se move sobre a
Corrente Fria do Labrador - mais ao norte do litoral dos Estados Unidos - com as
águas superficiais quentes da Corrente do Golfo provoca uma condensação
generalizada. Tal condição climática faz com que a região possua um dos maiores
índices de nevoeiro no mundo. Na Europa, a Corrente do Golfo contribui para a
manutenção de temperaturas amenas no inverno, principalmente no Reino Unido e
na Escandinávia. As modificações no clima da Inglaterra provocadas pelo
aquecimento das águas ajudam a desenvolver uma vegetação subtropical e com
maior diversidade na região sudoeste. O Mar da Noruega pode ser navegável
durante todo o inverno, com intensa atividade portuária. O litoral da porção
leste da Suécia, por exemplo, não recebe o calor da Corrente do Golfo e tem
alguns de seus portos fechados durante o inverno.
O calor que é liberado pela água aquecida faz com
que o clima nas regiões fronteiriças do leste do Atlântico Norte permaneça mais
quente do que em latitudes semelhantes em outros locais. Se compararmos algumas
localidades na Europa com locais em latitudes semelhantes no continente norte-americano,
o efeito se torna bastante evidente. Bodo, na Noruega, tem uma temperatura
média de -2 ° C em janeiro e 14 ° C em julho. Na costa do Pacífico e do Alasca,
na mesma latitude, há um frio de -15 ° C em janeiro e apenas 10 ° C em julho.
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