O meio técnico:
a força das máquinas na produção e na circulação
O meio técnico é
produto da Revolução Industrial. Embora as técnicas sejam quase tão antigas
quanto a humanidade, apenas no final do século XVIII, com a emergência da
indústria, a capacidade produtiva humana tornou-se suficiente para transformar
extensa e profundamente a superfície terrestre.
A Revolução
Industrial representou a substituição do uso da energia humana ou animal pela
energia mecânica nos processos de produção de artefatos. A combustão do carvão
mineral e a máquina a vapor expandiram a capacidade produtiva humana e
inauguraram a era industrial. As ferrovias e os navios a vapor promoveram uma
revolução nos meios de transporte, desencadeando um crescimento inédito do
comércio internacional.
Os ciclos iniciais
da era industrial abriram as portas para a formação da economia-mundo, ou seja,
para a incorporação de todos os povos e continentes nos fluxos mercantis e
circuitos de investimentos centralizados pelas potências industriais. Foi então
que o imperialismo (política de expansão e domínio territorial e/ou econômico
de uma nação sobre outras) — anexando novas áreas coloniais na África e na Ásia
e influenciando fortemente regiões da América Latina — criou um verdadeiro
mercado de dimensões planetárias e uma nova divisão internacional do trabalho.
O traçado das
ferrovias ilumina uma das características essenciais da Geografia produzida
pelo imperialismo. Nos países industrializados da Europa, foram construídos
troncos principais complementados por uma densa rede de trilhos que se espalham
em todas as direções, facilitando o transporte no interior do território e
unificando o mercado interno. Nos Estados Unidos, os grandes ramais
ferroviários cortaram transversalmente o território e ajudaram a conquistar e
integrar o oeste agrícola ao nordeste industrial.
Contudo, na África,
Ásia e América Latina, as ferrovias nasceram para ligar as regiões produtoras
de matérias-primas aos portos exportadores. A configuração da rede ferroviária
da África, no século XIX, serve de espelho para compreender a organização do
espaço produzida pelo imperialismo: o mercado externo funcionava como principal
motor da economia e as redes de transporte, em vez de integrar, fragmentavam os
espaços nacionais.
Para analisar esse
novo contexto, vamos articular diferentes paisagens características do meio
técnico, por meio da leitura de textos, fotografia e mapas.
Nas imagens
“Litografia do século XIX representando a área industrial de Sheffield, cidade
ao norte da Inglaterra” e “Gravura do século XIX representando fábrica têxtil
do empresário Titus Salt, na cidade de Bradford, no norte da Inglaterra” da
página 13 do caderno do aluno, identificamos evidências do impacto da atividade
industrial na produção do espaço geográfico. As características ambientais de
uma típica cidade industrial do século XIX, tais como insalubridade (nocivo à
saúde, não saudável) e poluição, alteram profundamente a qualidade de vida de
seus habitantes, as condições ambientais da cidade e a vida cotidiana com a
instalação de indústrias.
O impacto da Revolução Industrial no
mundo
A Revolução
Industrial gerou impactos na produção do espaço mundial. O surgimento da
indústria é uma revolução não somente técnica, mas social e econômica, porque
transformou completamente o mundo em um sistema técnico único e integrado.
Surgiram os navios
a vapor e as ferrovias, que tornaram as viagens inter e intracontinentais
(intercontinentais quer dizer para outros continentes e intracontinentais, no
mesmo continente) muito mais rápidas e seguras e possibilitaram a ampliação dos
fluxos de mercadorias e de pessoas entre os países.
A indústria
provocou um impacto local e global: aos poucos destruiu as antigas corporações
de artesão e reforçou a divisão internacional do trabalho entre países
industriais e os fornecedores de matéria-prima. Os textos 1 e 2 de Raul Borges
Guimarães, na página 14 do caderno do aluno, explicam esse momento.
O meio técnico e o encurtamento das
distâncias
Os
mapas “África: político” e “Europa: político” nas páginas 16 e 17 do caderno do
aluno apresentam a malha ferroviária da África e da Europa. A distribuição das
ferrovias pelos continentes, relacionando com a organização do espaço com as
características do período do meio técnico, evidencia:
- a malha ferroviária da Europa (mais
densa) unificava seus mercados internos, servindo principalmente aos mercados
do próprio continente;
- o espaço ferroviário da África (com
poucas ferrovias) tinha como estratégia colonial, o favorecimento da exploração
dos recursos da colônia, conectando as regiões produtoras de matérias-primas
agrícolas e minerais – no interior – até os portos de exportação – no litoral
–, não articulando os mercados internos do continente;
- o mesmo acontece com as malhas
ferroviárias dos Estados Unidos (que tem o caso semelhante ao da Europa) e
América do Sul (semelhante à África).
Nenhum comentário:
Postar um comentário